As Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul – Brasil.
Sete Povos das Missões é o nome
que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas
espanhóis no Continente do Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul. Os
Sete Povos também são conhecidos como Missões Orientais, por estar localizado a
leste do rio Uruguai.
Os Sete Povos foram fundados na
derradeira onda colonizadora jesuíta na região, depois de terem sido fundadas
dezoito reduções em tempos anteriores, todas destruídas pelos bandeirantes
brasileiros e exploradores portugueses. Dentre as causas apontadas pelos
historiadores para o retorno está a abundância de gado na região e o desejo da
coroa espanhola de assegurar a posse daquelas terras, em virtude da crescente
presença portuguesa no sul. Contudo, essas teses são controversas.
Seja como for, a partir de 1682
os Jesuítas começaram a voltar para as suas antigas terras, e neste mesmo ano
foi fundado o primeiro dos Sete Povos: São Francisco de Borja, seguido por São
Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel.
Em São Miguel das Missões
localiza-se o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, onde estão as ruínas
jesuítas da antiga redução de São Miguel Arcanjo. Foi declarado Patrimônio
Mundial pela UNESCO em 1983.
O sítio arqueológico conta com o
Museu das Missões, que abriga estátuas de imagens sacras feitas pelos índios
Guarani.
As missões jesuíticas espanholas
no sul do Brasil foram uma nação isolada no meio da selva. Foram 200 anos de
muito trabalho, guerras, pregações, para construir verdadeiras cidades, com
igrejas, indústrias, hospital, escolas, dirigidas com muita sabedoria e rigidez
pelos jesuítas.
O sistema usado junto aos
guaranis e tapes era semelhante ao dos Incas no Peru. A igreja era o centro da
organização. Seu prédio, também sempre tinha lugar estratégico, no centro da
redução. Depois construíam a casa dos jesuítas e as casas das famílias
indígenas. As famílias indígenas já começavam a viver sob a orientação católica
da época. Todos os índios catequizados trabalhavam sob a orientação dos
jesuítas. Novas áreas de terra iam sendo preparadas para a produção de
alimentos que sempre tinha com fartura para todos.
Oficinas de trabalho que se
transformavam em pequenas indústrias. Ferrarias. Fabricavam até instrumentos
musicais. Pequenos hospitais eram construídos para atender os moradores da
redução. Uma das grandes virtudes dos jesuítas era na área cultural. Foram
encontrados livros escritos em alemão, impressos nas reduções jesuíticas do sul
do Brasil. Inúmeras atividades eram desenvolvidas pelos jesuítas nas reduções.
A Produção de tecidos era uma delas. Mas a mais importante de todas foi à
criação de gado. Foram os jesuítas que introduziram a criação de gado no Rio
Grande do Sul. A pecuária do Rio Grande do Sul é um dos setores importantes da
economia gaúcha até nossos dias.
O gado criado pelos jesuítas
acabou sendo abandonado nas primeiras tentativas de povoamento de algumas
regiões quando foram expulsos pelos bandeirantes que escravizavam os índios.
Esse gado, por quase 40 anos ficou produzindo nos campos gaúchos. Era tanto
gado que se tornou uma grande alternativa de renda por vários anos. Foi nesta época que os jesuítas voltaram ao Rio
Grande do Sul para fundar os Sete Povos das Missões.
No Rio Grande do Sul os jesuítas
fundaram a primeira cidade, ou seja, a primeira redução jesuítica na cidade de
São Miguel das Missões, quase na divisa com a Argentina, no ano de 1687. Os
índios guarani foram os escolhidos pelos jesuítas para sua catequização. Os Charruas
e Guenoas viviam em guerra com os Guaranis e por este motivo os jesuítas
deixaram de contatá-los.
O que sobrou das reduções
jesuíticas dá-nos a ideia da organização em que viviam os índios e os jesuítas.
A organização era tamanha que os europeus temiam que ali estivesse a fundação
inicial de um novo país, colocando os jesuítas contra os espanhóis. Mas isto
nunca foi pensado pelos jesuítas. Era o trabalho que engrandecia o
empreendimento. Na pintura, na escultura, nas artes plásticas e no artesanato,
os índios eram verdadeiros artistas.
Os padres jesuítas administravam
a organização muito rigorosamente. E tudo sob a doutrina da Igreja Católica. Os
índios eram obrigados a aceitar a catequização se quisessem participar da
organização.
Os impostos eram pagos ao governo
espanhol. Possuíam a formação de um exército para defender-se da expansão
portuguesa, dominar as rebeliões e lutar contra os bandeirantes.
A inveja era tanta pelos
portugueses e outros povos europeus que pressionaram os espanhóis a
desentenderem-se com os padres jesuítas. Os espanhóis trocaram a Colônia do
Sacramento que era dos portugueses pelos Sete Povos das Missões de domínio
espanhol. É bom lembrar que a Colônia do Sacramento foi uma luta dos índios
guaranis em favor da Espanha.
Com esta troca efetuada entre espanhóis
e portugueses os índios deviam abandonar suas terras e se instalar na
Argentina. Naturalmente, os índios não aceitaram e declararam guerra a Portugal
e à Espanha. Começava a Guerra Guaranítica.
Com o início da guerra, milhares
de pessoas foram mortas, principalmente indígenas guaranis. Mas Portugal e
Espanha fizeram outro acordo. Os índios podiam ficar, mas os padres jesuítas
tinham que deixar a região. Isso mesmo! Os jesuítas foram expulsos, deixando a
organização sem administração.
Militares portugueses assumiram o
comando das reduções e transformaram os índios em soldados para defender a coroa
portuguesa nos conflitos da Região do Prata. Os índios foram exterminados pelas
guerras que aconteceram nas próximas sete décadas.
A República Guarani (Comunista/Social
Cristã) como muitos historiadores a definem nasceu no meio da mata. E continua
lá para ser descoberta, pois muito pouco foi pesquisado sobre o assunto.
Continua lá para ser visitada. É uma verdadeira aula cultural.
Suporte Teórico
para ampliar a pesquisa sobre o tema:
Wikipedia:
História
Brasileira:
Rota
das missões:
IPHAN
– Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional:
Skyscrapercity
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